25 maio 2009

João e Maria





Tomou-a pela cintura com força. Ela sentiu-se entregue e decifrada. Já
não existia mais distancia, já não existia mais promessa. Ele
sentia-se inteiro, finalmente. Ela quis fazer o tempo parar. Eles não
sabiam o que seria desta vida. Eles não queriam saber, na verdade.

___________________________________________________


Rubras, as faces não a deixavam esconder-se. As mãos frias, já
formigavam e queria não precisar tocar, pra que não fosse percebido.
Tocava devagar o chão, sublinhava devagar o caminho em torno da sala.
Era evidente, e não sabia como podia agir a partir dali.

Entrou no cômodo como quem procura a si. O cheiro familiar fez logo
palpitar o coração. Buscou os olhos doces que tanto queria decifrar,
logo enxergou aquela figura pequena e meiga. Enrubescida, deslizando
no chão, quase sem rumo a seguir.

___________________________________________________


Fechou a porta atrás de si e correu em direção à esquina, sem saber o
que faria a partir dali. Já não havia opção e não iria voltar atrás. O
mundo inteiro o aguardava, mas não sabia exatamente o que isso queria
dizer. O medo tomou conta de si, mas não poderia faze-lo mudar de
opinião.

Olhou a neblina pela janela, e sentiu a excitação de um sentimento
aquecer seu peito. Todo o acordo trocado pelo olhar tornara-se tão
concreto que as palavras foram sempre desnecessárias. Percebeu que a
porta ficara aberta, e que ninguém estava a espreita. Não poderia
haver momento melhor. Foi-se.

___________________________________________________


Nunca havia vislumbrado tamanha doçura. Sem pensar já desejava
deslizar os dedos por entre seus cabelos negros e longos. Iluminava o
ambiente, não importava por onde andasse. Era impossível perde-la de
vista. Quando olhou em seus olhos, quase não pode manter o equilíbrio.
Prometeu-a, só pelo olhar.

Distraída, recebia a todos com a simpatia já habitual, apesar de um
tanto dissimulada. Já se cansava de tanta aparência. Ansiava muito
viver. O entranho que entrou pela porta a fez tremer. Queria por tudo
não reparar em sua presença, pra que seu olhar não a desconcertasse.
Quando olhou profundamente nos seus olhos, aceitou a promessa.

Ficção.


A coisa mais cafona que eu já escrevi na vida.

Nenhum comentário: