25 setembro 2007

Lapis de Cor

Houve um tempo, em que todos os meus desejos podiam ser desenhados numa folha de papel. Onde eu coloria cada partezinha do meu futuro com lapis de cor. Fechva os olhos e tudo estava na minha frente. Eu nunca fui uma desenhista muito boa, mas a minha cabeça criava todas as coisas, lindas e bem contornadinhas com canetinha, e eu podia respirar o cheiro das plantas e ter todas aquelas coisas maravilhosas nas minhas mãos. Quando eu não gostava de algum desenho, era só amassar o papel e começar de novo, agora com novas cores, agora com novas formas. E tudo ficava lindo outra vez, e eu não dependia de ninguém pra imaginar tudo que eu quisesse. Já naquela época eu não queria crescer. E fazia bem de pensar isso... Os adultos ficam atrás do que nunca podem ter, eu pensava. E estava certa. Era só balançar os braços no ar e eu já estava num lugar maravilhosos e diferente, onde tudo era possivel. Todos os menininhos lindinhos gostavam de mim, todas as meninas era minhas amigas. Eu possuia e brincava com todos os brinquedos que conhecia. Subia num pé de pêssego até o topo, e podia comer um bem suculento sem ter medo de encontrar um bichinho. Qualquer barata ou aranha era resolvida com a minha borracha. A imaginária ou a física. Subia no muro, me escondia na casa da vó, comia biscoito até dizer chega. Soonhava em ser uma grande bailarina e rasgava muitas meias girando e girando no carpete de casa. Inventava espetáculos inteiros e lá estava toda plateia me aplaudindo. Os dois ou três passos que eu porventura não conseguisse fazer, se resolviam com uma almofada... E dai a minha nuvem podia me proteger do chão e de todos os tropeços que pudessem acontecer. Eu virava uma estrelinha e lá estavam as palmas e as flores. Eu ensinava a todas as minhas bonecas e elas aprendiam tudo, sem pestanejar, me traziam maças e me contavam sobre as suas férias. Dividir o quarto com alguma amiga era tão fantástico quanto descobrir todas as possibilidades de um novo mundo. Tudo estava lá, ao alcance das mãos e eu não tinha medo do vento gelado no rostoMas, um dia, a fada azul chegou e me transformou numa menina de verdade. Meus desenhos não estavam mais pendurados na geladeira, e a minha árvore de pêssego tinha diminuido tristemente. Tudo parecia bem menor e mais desbotado do que foi em outrora. As coisas se tornarm frias e caras. Os sorrisos se tornaram gentis, mas perderam toda a sua sinceridade. As gargalhadas tornaram-se moeda de troca. Todas as cores da minha caixa de lápis se tornaram cinzentas e as minhas canetinhas secaram... Já não há tempo pra desenhar os sonhos, e muitas vezes nem mesmo pra sonhá-los. O príncipe não vai me acordar com um beijo, o sapo vai continuar sendo sempre um sapo. O veneno da maça vai passar amargo pela minha garganta, mas eu vou poder chorar, e vou fingir um sorriso. Não há mais lugar pras bonecas nem pras amoras roubadas do muro da vó. Não há mais paciência, não há mais tempo, nem porquê.


O que resta é esperar que o futuro seja feliz para sempre.
E daí? Eu nunca vi um pé de pêssego mesmo...

3 comentários:

Vanessa disse...

eu tinha feito um texto lindo!!!!

e o blog viado deu pau!!!

ahhhhhhhhhh

eu odeiooo

Vanessa disse...

ps: esqueci de dizer que ficou foda o texto!!!

michaelsen disse...

Os pés de pessego costumam ser asperos demais nos dias de hoje, as canetinhas nem vem mais com a canetinha mágica que apagava, tudo perdeu a graça. Só resta lembrar do bolo de conoura e da prancha de isopor que ardia na barriga.

Sem hipocrisia, mas teu blog esta adicionado ao meu.
Abraços