09 setembro 2007
Parte III - A Sorte
Ela sabia e torcia pra que ele a viesse espiar à noite. Prestava atenção em cada suspiro que ele dava enquanto a olhava dormir. Propositalmente, ao escutar seus passos vindo em direção ao quarto, destampava as pernas e o colo, pra percebê-lo não suportando apenas a olhar. Por intermédio das colegas, fez correr o boato de que era sonâmbula e que às vezes andava sem rumo entre os corredores do convento. Era facil espalhar um boato em um lugar com tantas mulheres reunidas, e ainda mais quando o boato se tratava de algo tão estanho. A moça perambulou pelos correndores durante algumas noites até que as pessoas se acostumassem com seus passos, e até medir que o padre teria coragem de a perseguir. Tendo certeza que o dia havia chegado, fez perceber especialmente em frente ao quarto do padre que havia levantado para mais uma de suas caminhadas inconscientes. Não teve dúvidas quando ouviu passos atrás de si, quase desfarçados, que a seguiam com medo, jardim adentro. Chegando próximo ao santuário que ficava em meio ao belo jardim que cercava o prédio, tirou o comprido manto que cobria o corpo e ele a descobriu nua, em meio ao monte de plantas. Ela sentou-se calmamente em um dos bandos cobertos por seu manto e olhando como se não visse nada a sua frente, pos-se a cantarolar uma canção que o padre desconhecia. Sem conseguir segurar-se dentro do corpo, Delcio só conseguiu voltar a consciencia quando já havia se aproximado de Amélia, e sem conseguir pensar em outra coisa, estava a beijar apaixonadamente sua nuca, como se não fosse conseguir respirar outro, senão o ar que exalava daquela mulher. Amélia não pode suportar.
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